Viajar é uma paixão que carrego desde a infância! Naquela época, embarcava em aventuras com meus avós, explorando o interior, visitando parentes em cidades vizinhas. Eu sempre amei a sensação de estar na estrada, e vocês acompanharam minha última temporada em Paris. Mal pisei em casa, e já estou pronta para a próxima jornada. Embarco novamente para mais uma viagem, ansiosa por novas descobertas e experiências incríveis.
Essa paixão tem uma origem peculiar: em 2020, durante uma videochamada com um renomado astrólogo, descobri, por meio do meu mapa astral, que esse fenômeno ocorreu devido as influências astrais que me fizeram ser uma pessoa apaixonada por culturas e viagens.
Lembro como se fosse hoje das palavras dele: "Você é extremamente feliz quando está viajando." Embora isso pareça óbvio, compreendi imediatamente o que ele quis dizer, e fez total sentido para mim.
No meu caso, a alegria da viagem começa nos meses que antecedem: gosto de preparar os roteiros com calma, e se for um lugar que estou visitando pela primeira vez, pesquiso os detalhes da cultura, assisto a filmes, documentários, séries ou leio livros ambientados naquele local.
O preparo da mala, o deslocamento até o aeroporto, as salas de embarque, um café enquanto observo o movimento de pessoas de diferentes lugares, tudo isso é prazeroso para mim.
Parafraseando Alain de Botton, autor do livro "A Arte de Viajar" (que comprei durante uma viagem, no aeroporto de Salvador), ele afirma que se nossas vidas são dominadas pela busca da felicidade, talvez poucas atividades sejam tão prazerosas quanto viajar, já que nos proporciona um entendimento da vida longe de nossas rotinas.
Gostaria de compartilhar outras leituras sobre viagem que não fossem relacionadas à moda, afinal, como mencionei, elas me auxiliam na preparação dos roteiros, mas como sabem costumo manter o foco nesse aspecto. Fica a ideia de um tema para a caixa de perguntas no Instagram.
Antes de listar os livros, queria compartilhar uma coincidência que vem ocorrendo nos últimos anos, relacionada às minhas viagens.
Tudo começou em 2018, quando eu precisava me deslocar da minha cidade para dar aulas na universidade e aproveitando as cerca de 3 horas de trajeto no transporte dos estudantes para ler. Neste período li muitos clássicos e temas de meu interesse na época. Aproveitava e retirava os livros físicos na biblioteca da universidade.
Li "O Velho e o Mar" de Hemingway. Entrei na história de uma maneira que fiquei dias refletindo, e meu envolvimento foi tão intenso que, coincidentemente, ganhamos uma viagem para Miami naquele ano. Embora não estivesse diretamente relacionada ao local do livro, estava ansiosa para visitar a casa museu do autor que fica em Key West.
Acontece que na véspera da viagem, ocorreu um imprevisto, e não pudemos ir para Miami. Mas como já tínhamos os dólares separados para viajar e o visto pronto, então decidimos ir para Nova York.
Meses antes de ler "O Velho e o Mar", havia lido "Primatas da Park Avenue", outro livro que me fez refletir sobre várias questões e mergulhar no contexto da história. Em 2019, fui para Nova York e meses depois para o Caribe, uma viagem "presente" inesperada, já que não tínhamos ido para Miami. Coincidência para uns ou para quem tem uma visão holística pode-se dizer que foi uma manifestação. O que você acha?
Os anos de 2020 e 2021 foram interrompidos devido ao vírus, mas em 2022 e 2023 retomei as viagens para destinos aleatórios, influenciada mais uma vez pelas leituras, encerrando o último ano imersa na literatura russa.
Embora tenha mencionado viagens mais extensas, outras situações com viagens nacionais e locais desconhecidos acabaram acontecendo, como em março, quando estava lendo "O paladar não retrocede" e o autor mencionou um acontecimento na cidade de Itajaí, que eu ainda não conhecia, levando-me posteriormente a ser convidada para dar uma palestra na cidade vizinha, ou seja, na mesma região.
Este post está se tornando extenso, mas queria compartilhar esse insight e experiência que venho tendo. Não custa tentar, não é? Eu vou continuar com essas leituras aleatórias, pois além de me fazerem viajar sem sair de casa, contribuem com o meu repertório cultural, social e histórico.
Agora, vamos à lista, caso queira mais informações sobre os livros basta clicar no título em negrito que levará para o link na Amazon. Selecionei 4 capitais diferentes e de extrema importância para quem trabalha com moda, pois cada uma tem sua contribuição para a industria, seja no contexto econômico ou cultural.
Escrito por Ian Kelly, é uma autobiografia da famosa estilista britânica. O livro conta a história da vida de Westwood, desde sua infância em Glossop, Inglaterra, até sua ascensão ao topo da indústria da moda.
Westwood nasceu em 1941 em uma família modesta e durante a Segunda Guerra, o que traz um pano de fundo rico para a história, pois neste período os ingleses eram incentivados a fazer e cuidar de suas roupas, como contei aqui.
Ela sempre foi uma rebelde, e desde cedo começou a se interessar por moda. Na década de 1960, ela se mudou para Londres, onde conheceu seu futuro marido, Malcolm McLaren. Juntos, eles abriram uma loja de roupas chamada SEX, que se tornou um centro da cena punk de Londres.
Westwood e McLaren foram responsáveis por popularizar o punk rock e sua estética. Eles criaram roupas provocativas e irreverentes que desafiavam os valores tradicionais da sociedade. As roupas de Westwood eram frequentemente feitas de materiais reciclados ou reaproveitados, e ela sempre foi uma defensora do consumo consciente.
Agora fazendo um contexto sobre a cidade, Londres é reconhecida como uma capital da moda com estilos diversos por inúmeras razões que abrangem história, cultura, inovação e diversidade. Ao mesmo tempo que é o berço do dandismo e da alfaiataria - onde podemos ver pessoas com peças impecáveis - é comum vermos uma mistura criativa com uma pegada punk ainda nos dias atuais. Diferente de outras capitais da moda, as ruas de Londres transmitem essas sensações.
Kelly faz um bom trabalho de contextualizar a vida de Westwood na história da moda e da cultura. Ele também fornece uma visão perspicaz da personalidade e da filosofia de Westwood. O livro é uma leitura obrigatória para qualquer pessoa que queira entender uma das figuras mais importantes da moda moderna.
Escrito por Chris Greenhalgh, é uma ficção histórica que conta a história do romance proibido entre a estilista francesa Coco Chanel e o compositor russo Igor Stravinsky.
O livro se passa em Paris, na década de 1920. Coco Chanel é uma mulher independente e bem-sucedida, que está no auge de sua carreira. Igor Stravinsky é um compositor genial, mas também é um homem problemático, que está fugindo da Rússia após a Revolução.
Os dois se encontram quando Stravinsky se muda para Paris com sua família. Chanel é imediatamente atraída por Stravinsky, e ele também é atraído por ela. Eles começam um romance secreto, ou seja, Chanel vira amante de Stravinsky enquanto ele e a família passam um tempo na casa de campo de Coco.
O livro é bem escrito e o autor faz um bom trabalho ao retratar as personalidades complexas tanto de Chanel quanto de Stravinsky. Ele também fornece uma visão fascinante da vida cultural de Paris na década de 1920 e constantemente cita lugares como praças e ruas o que faz com que nos sentíssemos na história.
Escrito por Gianluigi Paracchini, é uma biografia da estilista italiana Miuccia Prada. O livro conta a história da vida de Prada, desde sua infância em Milão até sua ascensão ao topo da indústria da moda.
Miuccia nasceu em 1949 em uma família rica e influente. Ela sempre foi uma mulher independente, e desde cedo começou a se interessar por moda. Na década de 1970, ela assumiu o controle da empresa de sua família, a Prada.
Ela rapidamente se tornou uma das estilistas mais inovadoras e influentes do mundo. Conhecida por seu estilo minimalista e sofisticado, que se baseia em materiais de alta qualidade e na construção impecável. Suas roupas são frequentemente descritas como atemporais e elegantes.
Milão é uma das capitais mais elegantes que já estive. Lembro que as senhorinhas eram impecáveis com seus casacos de pele, toucas e bolsas, tudo escolhido com muito bom gosto. É uma atmosfera diferente das outras capitais e o livro consegue transmitir através da história de Miuccia, que tem um grande envolvimento com arte, algo que na Itália parece estar no DNA.
Escrito por Rebecca Paley, é uma autobiografia da consultora de moda Betty Halbreich. O livro conta a história de sua vida, desde sua infância em uma família judia em Pittsburgh até sua ascensão ao topo do mundo da moda, como uma das consultoras de moda mais bem-sucedidas do mundo.
Halbreich nasceu em 1937 e sempre foi uma pessoa criativa e curiosa. Ela começou a trabalhar na indústria da moda em 1970, como vendedora na loja Bergdorf Goodman, em Nova York. Logo se tornou uma consultora de moda, ajudando clientes a encontrar o estilo certo para elas.
Halbreich é conhecida por seu estilo elegante e sofisticado, e por sua habilidade de entender as necessidades das mulheres. Ela é uma defensora do estilo pessoal e da autoestima, e acredita que todas as mulheres podem se sentir bonitas e confiantes e por incrível que pareça continua trabalhando na Bergdorf, inclusive em 2023 estive no corredor que ela atende na esperança de ver ela transitando pela loja.
Por mais efervescente que Nova York seja é legal entender o contexto cultural e histórico para assimilar a cidade e principalmente o papel das grandes magazines como a BG por exemplo.
E se agora alguém viesse me perguntar qual dessas capitais eu escolheria para morar, trabalhar ou estudar moda eu ficaria devendo a resposta pois cada uma é especial a sua maneira e os aspectos culturais de cada povo também ajudaria na escolha.
Agora tenho que confessar que venho armazenando uma quantidade absurda de textos em rascunho aqui no blog que chega a ser assustador. Sempre que volto de viagem acabo atrapalhada com tudo que tenho para fazer e colocar em ordem e acabo abandonando a ideia de escrever. Tenho dicas dessas capitais que mencionei, mas também tenho Cancún, Tulum, Bogotá, Buenos Aires, México, Barcelona, Madrid, Amsterdam... tudo pela metade.
Uma das metas para 2024 é organizar em forma de lista com os lugares que recomendo para quem é apaixonada por moda e gosta de incluir no roteiro. Cheguei a esboçar algumas dicas seguindo um livro bem bacana que é "Where Stylists Shop". Além das lojas, também quero incluir museus e livrarias, pois em algumas capitais existem livrarias especificas de moda que valem a pena ser visitadas.
Vou ficando por aqui, me conta o que achou dessa seleção! Beijos e até a próxima quarta-feira!